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Foto do escritorHiago Martins

Tudo que recebe atenção, floresce! Conheça práticas sobre conexão e cuidado

Costumo dizer que atenção e gentileza são as raízes para conexão e cuidado. A escassez de atenção nos impossibilita a conexão. Já a gentileza, é condição essencial para o cultivo das relações de cuidado que nutrimos em nossa vida.

Assim como a comunicação e a escrita, a atenção e a gentileza são duas soft skills, ou seja, habilidades e competências relacionadas ao comportamento humano, e que, portanto, podem ser desenvolvidas por meio da prática deliberada. Existem muitos exercícios que podemos praticar para desenvolver a nossa habilidade de atenção e a nossa capacidade de ser gentil. Hoje quero te fazer um convite para conhecer um pouco mais sobre uma prática secular, e talvez a mais eficaz e difundida pela ciência: a meditação!

Satipatthana, o primeiro passo de Buda no Caminho Óctuplo

Os registros mais antigos sobre práticas meditativas são dos primórdios do Hinduísmo, por volta de 500 a.c. Historiadores indicam que o prmeiro Buda, Siddhartha Gautama, um príncipe da dinastia Sakia, estudou as primeiras práticas e desenvolveu sistematicamente uma nova técnica de meditação chamada Satipatthana.


O objetivo não era se aproximar do divino ou esvaziar a mente, e sim ensinar aos seus seguidores a cultivar sua atenção. Na etimologia da palavra Satipatthana:


Sati significa “atenção”. Upa significa “dentro”. E Thana significa “manter”


Satipatthana significa simplesmente “manter sua atenção dentro”.


Parte da prática meditativa ensinada por Buda fundamentava-se no princípio de cultivar a consciência sobre nossa respiração por meio do simples exercício de prestar atenção às inalações e exalações, prolongadas ou curtas. Dessa forma, levamos nossa atenção à percepção da natureza de todo o corpo e a tranqüilização das atividades orgânicas.


Buda observou que, na maior parte do tempo, as pessoas ao seu redor não estavam conscientes de sua atenção, ou seja, atentas ao que realmente estavam fazendo. Quando nossa mente não está atenta ao presente, apenas reagimos aos acontecimentos em nosso dia a dia.


Satipatthana pode ser considerada a forma tradicional da meditação, o primeiro passo de Buda no Caminho Óctuplo rumo à iluminação, e que foi incorporada pela ciência no ocidente com o nome de Mindfulness, mais de dois mil anos depois.


Mindfulness, o exercício da atenção plena

No ano de 1979, o pesquisador americano Jon Kabat-Zinn, do Centro Médico da Universidade de Massachusetts, publicou os primeiros estudos envolvendo uma nova sistematização da técnica de Mindfulness como um método terapêutico.


O cientista desenvolveu, junto com outros colegas médicos, um protocolo de intervenção clínica de oito semanas para pessoas que possuíam doenças crônicas e seus cuidadores. O programa ficou conhecido como Mindfulness-Based Stress Reduction, e tinha como objetivo ajudar os pacientes a ressignificar a maneira como lidavam com a própria experiência nos hospitais a partir de exercícios que tinham como base o treino da atenção plena.


As primeiras observações indicaram melhora significativa no quadro patológico dos pacientes que foram submetidos ao protocolo de 8 semanas. Kabat-Zinn acredita que os resultados estavam vinculados à redução do estresse que, por sua vez, estava atrelada à compreensão de que nossos pensamentos e sentimentos são passageiros e produtos da nossa mente, e que é possível cultivar uma relação mais consciente e saudável com a nossa experiência e o momento presente.

Em outras palavras, você pode fazer amizade com as suas emoções. Ser gentil consigo mesmo, nutrindo uma relação de conexão e cuidado.


Mas o fato é que a prática de Mindfulness, ou atenção plena, não é só para pessoas com condições crônicas de saúde. O pesquisador americano percebeu que o programa poderia ajudar a lidar com o sofrimento em geral.


​​Desde então, centenas de centros em todo mundo e dezenas de milhares de pessoas têm se beneficiado desse programa desenhado para ensinar as pessoas a enfrentar o estresse e seus sintomas, assim como os desafios da vida diária, através de estratégias baseadas em Mindfulness.



Em seu livro Viver a Catástrofe Total, Jon Kabbat-Zin descreve como a essência da prática foi estruturada, sistematizada e aplicada para nos ajudar a desenvolver a:


Consciência que surge quando prestamos atenção, intencionalmente, no momento presente sem julgamento e com gentileza.


O fato é que quando aprendemos a cultivar um relacionamento mais consciente e saudável com a nossa atenção, desenvolvemos uma relação mais gentil com nós mesmos e a com a vida que acontece ao nosso redor.


A prática de Mindfulness nos permite entender que a vida acontece no momento presente, e que a nossa atenção nos conecta com a nossa experiência. Familiarizar-se com o que está acontecendo é viver uma vida leve e plena.


Mindfulness é uma forma de ser, onde nos conectamos com a vida.


Tudo que recebe atenção, floresce!


Lembre-se bem dessa frase: Tudo que recebe atenção, floresce!


Práticas de atenção plena, seja Satipatthana ou Mindfulness, nos ajudam a ter mais consciência sobre a nossa atenção. E estar atento e consciente aos nossos pensamentos e experiências pode nos ajudar a nos conectar com o que está vivo dentro de nós e construir uma vida mais feliz.


Se a sua mente se abstrair um milhão de vezes, seja atento e generoso o bastante para trazê-la de volta ao presente um milhão de vezes. Cultive um novo modo de se relacionar consigo mesmo, com as pessoas e com a natureza por meio da bondade, da empatia e um cuidado genuíno com a felicidade e o sofrimento a partir do que realmente importa em nossas vidas.

O que você tem deixado florescer na sua vida? O que precisa da sua atenção nesse momento? Pense nisso!


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