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Foto do escritorErika Michalick

Se conectar para cuidar. Relações sociais e sustentabilidade

O desafio deste mês é refletir sobre conexão e cuidado. Para quem trabalha com a temática de sustentabilidade, esses conceitos são fundamentais, pois estão presentes naquilo que buscamos a todo tempo: estarmos presentes plenamente integrados ao ecossistema da vida. E isso não é um pensamento romântico, mas sim uma visão daquilo que sempre tivemos como humanidade que é viver em sociedade.

Na sociologia, uma sociedade é definida como um grupo de indivíduos unidos por objetivos comuns que procuram alcançá-los e preservá-los. Estes objetivos são compartilhados pelos membros da sociedade e representam o bem comum. Georg Simmel, sociólogo alemão que viveu no século XIX e XX, define a sociologia como o estudo das interações sociais e dos padrões sociais que surgem a partir delas.


Ele acreditava que a sociologia tem como objetivo compreender como as pessoas interagem umas com as outras e como essas interações criam estruturas sociais mais amplas, tais como instituições e cultura. O teórico também enfatizava a importância do indivíduo na sociedade, argumentando que as ações individuais têm um impacto coletivo e que as estruturas sociais são moldadas por essas ações. Para ele, a sociologia é importante porque permite compreender como as interações sociais afetam a vida das pessoas e como a sociedade pode ser moldada para melhor atender às necessidades individuais e coletivas. (COSTA, 1999).


Refletindo sobre esses conceitos, podemos compreender que, desde o início da humanidade, o ser humano buscou sempre por conexão e cuidado. A conexão é a relação, que cada geração, através de ferramentas novas, define como se relacionar para atender aos objetivos comuns. Esses objetivos na sua essência são as necessidades básicas de prosperidade e preservação. Atualmente a grande ferramenta é a tecnologia.


Apesar do avanço tecnológico ter ampliado nossas interações devido ao fácil acesso à internet, observamos que as pessoas nunca estiveram tão distantes umas das outras e têm tanta dificuldade em se aproximar que afeta todos os tipos de relacionamentos. Esse novo arranjo social, seja nas empresas, nas religiões, em nossas residências, tem aguçado o desejo de criar soluções digitais que possam preencher vazios internos. Há um anseio de transferir para a tecnologia aquilo que apenas as relações pessoais podem proporcionar, como as conexões sociais e humanas.

Estamos vivendo com a dor de algo que não conseguimos tangibilizar e que retorna diariamente de forma cara para nossa saúde. Por um lado, tudo fica mais fácil e rápido de se falar e conectar, por outro, o excesso da distância física, a praticidade e a instantaneidade geram consequências médicas graves, como doenças e crises mentais. Está cada vez mais fácil conectar com o exterior do que o próprio interior.


Segundo Piaget, a conexão que gera cuidado precisa passar por algo além da troca de comunicação. É necessário relacionar-se verdadeiramente para formar vínculos sólidos.


“[...] a cooperação está vinculada à interação a qual requer a formação de vínculos e a reciprocidade afetiva dos sujeitos do processo de aprendizagem. As interações interindividuais possibilitam a modificação do sujeito na sua estrutura e do grupo como um todo, não em caráter somatório, mas em uma perspectiva de formação de um sistema de interações.” (PIAGET, 1973, p.32).


Mas, o que são vínculos? Por que são importantes nesse momento em que vivemos o grande apelo da sociedade para alcançarmos o objetivo comum de sermos sustentáveis?


A noção de vínculo, sinônimo de laço, costuma ser usada para fazer referência a uma espécie de amarração invisível ou de ligação moral ou afetiva existente na relação de proximidade entre as pessoas. Por isso, esses laços de trocas geram transformações na sociedade em constante desenvolvimento. Ao somarmos integração com as necessidades básicas dos indivíduos, chegamos à conclusão de que o sentimento de integração é o que reflete a verdadeira conexão da sociedade.

Além disso, a integração dos indivíduos também pode se referir à construção de relações interpessoais positivas e respeitosas, bem como à inclusão de diferentes culturas, crenças e valores. Por essa ótica, quando as pessoas buscam refletir sobre sermos sustentáveis, elas buscam integração com o mundo que habitam. Sendo assim, concluímos que o vínculo é o que nos conecta e que a integração é o cuidado consigo e com o planeta. E a tudo isso chamamos: Sustentabilidade.


Referências

COSTA, Simone Pereira. Apontamentos para uma leitura de Georg Simmel. Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá. Diálogos, DHI/UEM, v. 3, n. 3: 291-307, 1999.


PIAGET, Jean. Estudos Sociológicos. Rio de Janeiro: Forense, 1973.


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